Hugo van der Ding “Não tenho nem deixo de ter jeito para desenhar. São os meus desenhos.”

Poster Mostra, julho 2022 – Hugo van der Ding

julho, 2022

Hugo van der Ding “Não tenho nem deixo de ter jeito para desenhar. São os meus desenhos.”

Hugo van der Ding é um rapaz com muitos livros na cabeça. Em boa verdade, já lançou dois – “O Inspetor Acidental” (2016), um falso-polícial-pseudo-autobiográfico-meta-narrativo-pretensamente-cómico, e “Vamos Todos Morrer” – Biografias Breves de Gente que Já Lá Está (2021), um prolongamento do podcast homónimo –, mas “o primeiro livro a sério” luta para que as ocupações e os estímulos que o distraem (e depois nos fazem rir) o deixem chegar ao Microsoft Word. Margaret Atwood está aqui para lhe lembrar que a procrastinação pode chegar às mentes mais geniais: “Vi uma entrevista dela em que falava desse processo… ela demorou três anos a escrever o ‘Handmaid’s Tale’. E isso dá-me esperança (risos).” 

Entre cartoons, rádio, televisão, teatro, Hugo tem sempre muita coisa para fazer, “mas quem perde são os leitores”, graceja. Agora, por exemplo, diz que se lançou na pintura a acrílico sobre tela: “Só espero que não aconteça como com os desenhos, se não nunca mais consigo escrever o livro”, brinca. No entanto, o cartoonista reconhece o impacto que todas estas experiências podem ter na sua formação como escritor: “A minha escrita era negra, pesada, e agora percebi que podia levar a leveza dos desenhos para a escrita.” 

“A psicanalista Juliana Saavedra” – Hugo van der Ding

Em 2013, Hugo van der Ding foi desafiado por um amigo a criar uma página de Facebook para publicar “A Criada Malcriada”. Seguiram-se-lhe outras séries de BD de sucesso, como “Cavaca a Presidenta”. São 10 anos, mais de 6 mil e quinhentas tiras, das quais oitocentas serão escolhidas para serem editadas em breve. O humorista – involuntário, porque diz que faz humor sem querer – acha que as suas criações lhe vieram ensinar que ter ou não apetência para o desenho é altamente subjetivo: “Não tenho nem deixo de ter jeito para desenhar. São os meus desenhos.” No entanto, o êxito das suas criações surpreendeu-o no início: “achava que era um tipo de humor que eu partilhava com os meus amigos.” Hoje, entende que, no fundo, deu vida a “uma voz que se calhar todos temos dentro de nós.” Como acontece quando recorre aos duplos sentidos: “Quando digo ‘fazer roupa velha no Natal…’ No fundo, é ver o mundo um bocadinho ao contrário, não é?… Sou só aquela pessoa está a chamar a atenção e quem vê diz ‘Ah, pois é!’” 

“Greta em 2050” – Hugo van der Ding

Tem as grandes referências na BD em Quino ou Asterix e assina a New Yorker, mas evita consumidor demasiados cartoons para evitar “ficar com as ideias na cabeça e copiar.” Fascinam-no as primeiras vezes e agrada-lhe a ideia de ser o primeiro a fazer aquele trocadilho. Um dos seus passatempos é colecionar expressões nunca escritas numa pesquisa do Google: “Por exemplo, ‘moça helvética’ é uma maneira de dizer ‘rapariga suíça’. E descobri que sou a primeira pessoa na língua Portuguesa a pesquisar isso no Google. São 800 anos de língua e eu fui o primeiro” (risos).  

Um pioneirismo acidental que aconteceu a Hugo van der Ding, e ele talvez desconheça: é a primeira vez que um humorista é convidado a participar no POSTER. Já conhecia a iniciativa – a amiga Inês Lopes Gonçalves participou na edição de 2021 – e aceitou logo o desafio: “É muito engraçado porque, quando éramos crianças, ouvíamos os adultos dizem: ‘Não desenhes aí, não desenhes na parede, não faças esses desenhos’, e agora é assim o universo a castigá-los.” Até 2 de setembro, podemos ver duas das suas personagens favoritas nas paredes de Marvila: “Sou muito fascinado e gostava muito de ir ao espaço. Então, trouxe os dois astronautas com uma frase que não tem nada a ver com o espaço… é só uma estupidez, mas eu acho engraçado ter estupidezes em grande, na parede.” 

Em 2013, Hugo van der Ding foi desafiado por um amigo a criar uma página de Facebook para publicar “A Criada Malcriada”.

Outros artigos

Edit.Set.Go! – Content makers

Edit.Set.Go! – Content makers
Somos uma boutique criativa que transforma boas ideias em estórias com impacto.

Criamos conteúdo de texto, imagem e vídeo para suportes impressos, digitais e multimédia. Trabalhamos de forma integrada e em todas as etapas da vida do produto, da definição do conceito à edição.

Revistas, Livros, Booklets, Catálogos, Websites, Newsletters, E-books, Vídeos Corporativos, Reportagens, Cobertura de eventos, Fotografia, Redes sociais.

Surgimos em 2008 para publicar, logo nesse ano, a Magnética Magazine, a primeira revista digital em língua portuguesa. Durante dez anos, o nosso diamante foi um verdadeiro marco no panorama editorial e, ao mesmo tempo que deu elevada expressão a inúmeros projetos e marcas em áreas tão diversas como música, moda, design ou lifestyle, inspirou profundamente a trajetória da Edit.Set.Go! até aos dias de hoje.

Mais tarde, abrimo-nos ao mercado e transportámos a paixão pelo storytelling para uma série de outros formatos, mas continuámos a encarar cada peça de comunicação com a mesma preocupação: a de a tornar única.

Hoje estamos offline, online e na fronteira que liga possibilidades infinitas a conceitos diferenciadores.

labdesign

Edit.Set.Go!