Graça Paz: “O abstrato é o meu motor de busca.”

julho, 2022

Graça Paz: “O abstrato é o meu motor de busca.” 

O abstracionismo leva Graça Paz numa procura interior de tudo o que não pode ser verbalizado, fazendo da sua pintura uma conversa com ela própria, com a parte de si que “está na sombra e anseia por sair”, sempre na língua das cores. É no azul tranquilo dos seus dias no campo que encontramos a convidada da presente edição do POSTER.   

Viveu no Porto até aos 43, depois mudou-se para S. Paio de Antas, no concelho de Esposende: “estava-me nas veias”. Aí, diz ter “o melhor de três mundos”: a praia, o rio e o espírito desta aldeia onde, garante, até “a chuva tem um sentido diferente”. Não conhecia ninguém na freguesia, mas sentiu que tinha chegado ao seu lugar quando se mudou para ali, já lá vão 12 anos. Como “a vida não é separada em pastas”, Graça Paz acredita que isso a tornou mais rica e, por isso, também à sua arte.  

A obra de Graça Paz é sempre uma exaltação da cor, do seu valor intrínseco.

O mar é a janela das manhãs e a escrita os binóculos que arrumam a paisagem da alma: no blogue ou no Instagram, “escrever é, para mim, um destralhar da alma, um organizar dos pensamentos, uma forma de estar vigilante.” Depois, passeio com os cães, e faço um destes três exercícios: ioga, caminhada ou mergulho, e, de seguida, meditação. Pelas 11h, a artista plástica chega ao atelier, em Forjães, vila do mesmo município.  

É o espaço por excelência dessa incursão constante na qual o abstracionismo foi sempre, afirma, “o meu motor de busca” e “quanto mais minimal ele for, mais me fascina.” O que implica ir tirando coisas, depurando, simplificando. Nem sempre o abstrato é compreendido, por ser esse confronto connosco mesmos: “Nós temos medo de tudo aquilo a que não conseguimos atribuir um significado, daquilo que não conseguimos explicar por palavras, de entender as coisas que sentimos. Apesar de todos termos um sentido intuitivo muito forte, fugimos dele. O abstrato está ligado a tudo isso.” A sua língua é a da cor: “A vida tira-nos um pouco a cor, mas ela nasce connosco.” E todas as cores têm valor intrínseco: “O preto pode ser uma janela para o desconhecido; o branco um equilibrador, ou uma exaltação do valor de cada cor.” 

O poster de Graça Paz no Poster Mostra 2022. Ao escolher um diário de artista, a convidada quis proporcionar ao público uma experiência “intimista, de atelier.”

Antes de se dedicar à pintura, Graça Paz estudou Design de Moda e experimentou a Ilustração. Caminhos que abriram caminho ao presente: “Lembro-me de assistir a uma palestra do Steve Jobs em que ele dizia que nós podemos fazer a ligação dos pontos quando olhamos de frente para trás e isso ficou-me. Às vezes, só sabemos que temos de ir para determinado lugar… O curso, a Ilustração, a pintura têxtil com a Olga Rego, coser, bordar, tudo isso está contido no meu trabalho. A vida faz sentido.”  

Para o POSTER, escolheu uma peça “intimista, de atelier”, do seu notebook: “permitir que as pessoas espreitem para um diário do artista eu acho que é giro, é inspirador…” Graça Paz vê a iniciativa como um veículo para a democratização da cultura e que coloca a Arte onde ela deve estar: “ao serviço de todos.” 

A sua língua é a da cor: “A vida tira-nos um pouco a cor, mas ela nasce connosco.” E todas as cores têm valor intrínseco: “O preto pode ser uma janela para o desconhecido; o branco um equilibrador, ou uma exaltação do valor de cada cor.” 

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